Localização: Évora
Projeto: Madeiguincho
Fotografia: João Carranca
Ano: 2019
 
O desafio: desenhar uma casa na árvore, numa planície de pinheiros e sobreiros. Após visita ao local, os arquitetos escolheram um pinheiro jovem e saudável, num planalto com vista sobre o Oceano Atlântico. Partiu-se do pressuposto que o pinheiro serviria como proteção sobre a casa e que este seria abraçado pelo projeto.

O espaço

A simplicidade de viver neste espaço foi desde o início um requisito fundamental do cliente, com o intuito de possibilitar uma distância do estilo de vida urbano. Assim, tornou-se pertinente estender este conceito para o exterior, através de uma varanda próxima das copas das árvores e com vista para o mar ao longe - um local para respirar, observar e sentir a natureza. A presença da árvore, a disposição do espaço e a entrada de luz zenital ajudam a filtrar a luz da manhã, favorecendo um despertar gradual e natural. Adicionalmente, a varanda permite apreciar o pôr do sol progressivo, desde a planície até ao mar. Um sistema de portadas garante um certo nível de abrigo ao habitante, de acordo com a sua necessidade e preferência. Quanto à casa de banho deste refúgio, ela reforça ao utilizador a sua ligação com a natureza, desde todo o ciclo da água utilizada até à vista para o pinhal exterior, sem comprometer o conforto.

Os materiais

Os materiais desempenham um papel central e crucial neste projeto, no qual a seleção cuidadosa da madeira de pinho das prestigiadas marcas Binderholz e Lunawood foi uma escolha natural, estendendo-se desde a estrutura até a cobertura e o interior da casa. O projeto proporciona uma vista deslumbrante do horizonte durante o dia. À noite, privilegia-se uma perspetiva zenital, dado que são escassas as outras fontes de luz para além das estrelas. Desta forma, a casa oferece experiências distintas ao longo do dia, em sintonia com a alteração da fonte de luz natural. A materialidade crua do exterior reflete-se na textura semelhante à casca das árvores, com uma expressão áspera. Por contraste, devido ao acabamento escolhido, o mesmo material resulta num interior suave e acolhedor. A criação de um ambiente de refúgio é evidente no gesto de elevar a casa, no aspeto rústico da madeira de pinho exterior e na simplicidade do interior.

"Fomos desafiados a desenhar uma casa na árvore, numa planície de pinheiros e sobreiros. Após visita ao local, escolheu-se um pinheiro jovem e saudável, num planalto com vista sobre o oceano atlântico. Partiu-se do pressuposto que o pinheiro serviria como proteção sobre a casa e que este seria abraçado pelo projeto. Assim, tornou-se natural a escolha do material — desde a estrutura à cobertura, passando pelo seu interior — pinho. “

Arq.º Gonçalo Marrote



 

 

Marcas utilizadas